Grupo C: Croácia 3-1 Irlanda
Jogo de coração decidido com a cabeça
O terceiro dia de Europeu começou
com futebol da mais requintada estirpe. Uma Itália “pouco italiana” mas com
bastante personalidade, a nunca abdicar do ataque, e uma Espanha que jogou
dentro do estilo que nos vem habituando. O prato principal do grupo C foi,
portanto, um puro deleite. O mesmo já não se pôde dizer do digestivo – Croácia vs
Irlanda - servido às 19h45.
E até prometeu bastante no
início, com um golo servido a frio no seguimento de uma jogada algo confusa
concluída de cabeça por Mandzukic. Ficou a sensação de que Given poderia ter
feito mais para evitá-lo; contra si teve dois dos maiores entraves que se podem
colocar a um guarda-redes: o terreno molhado pela chuva que se abateu sobre o
relvado de Poznan e o facto de não ter visto a bola partir. Considerações à
parte, aos três minutos já se adiantava a Croácia no marcador.

Sem que tivesse feito muito por merecê-lo,
a Irlanda acabaria por chegar à igualdade através de cabeceamento na área de Sean
St Ledger, dando a melhor conclusão a uma bola parada cobrada exemplarmente por
McGeady. Este golo teve o condão, não de espevitar mais o jogo, mas de colocar
as equipas um pouco mais na expectativa, o que não abonou a favor do
espectáculo. As investidas do rapidíssimo Rakitic e de Perisic iam evitando o
total adormecimento da partida, perante uma evidente falta de fio do jogo por
parte dos leprechauns, numa toada de,
recorrendo à mais pura gíria futebolística, “chutão para a frente”. Já perto
do intervalo, acabou por se escrever direito por linhas tortas. Uma vez mais de
forma algo atabalhoada, Jelavic, referência ofensiva do Everton, devolveu a
vantagem à formação croata, debaixo de uma coro de protestos irlandês por
alegado offside.
O reatamento do jogo prometia uma
Irlanda mais esclarecida à procura de novo empate. Tal pretensão, no entanto,
viu-se amputada por uma guilhotina chamada Mandzukic que, novamente de cabeça,
ampliou a contagem para 3-1 logo aos 49'. Uma vez mais, os axadrezados dos Balcãs viram-se
bafejados pela sorte, na medida em que beneficiaram do facto de a bola ter
ressaltado na cabeça de Given antes de perecer no fundo da baliza. Sobrou, daí
em diante, o coração. A partida, já mais aguerrida do que propriamente bem
jogada, endureceu significativamente.
Se poderiam ter queixas da
arbitragem aquando do segundo golo croata, pior ficaram os irlandeses quando ficou
por assinalar (do nosso ponto de vista, escandalosamente) uma grande penalidade
de Schildenfeld sobre Robbie Keane aos 63’. Uma decisão que poderia ter,
porventura, mudado substancialmente o desenrolar dos acontecimentos. Até ao fim
da partida, ainda dispôs a Irlanda, quase Duff-o-dependente,
de algumas chances para reduzir, invariavelmente através do clássico “chuveirinho”
para a área. Porém, não sofreu alterações o placard.
Vitória justa da equipa que mais
e melhores argumentos apresenta para discutir com os favoritos do grupo o
acesso aos quartos de final, embora se reconheça alguma felicidade tanto no
timing dos golos, como na própria forma como surgiram. Já a Irlanda muito dificilmente
escapará à sina dos zero pontos. Futebol é futebol, teoricamente não há vencedores à
partida, mas a luta aparentemente reduziu-se hoje a três.
Croácia: Pletikosa, Srna, Corluka, Schildenfeld, Strinic, Vukojevic, Perisic (Eduardo), Modric, Rakitic (Dujmovic), Jelavic (Kranjcar), Mandzukic. Treinador: Slaven Bilic
Irlanda: Given, O'Shea, St Ledger, Dunne, Ward, Whelan, Andrews, McGeady (Cox), Duff, Doyle (Walters), Keane (Long). Treinador: Giovanni Trappatoni
Golos: 1-0: Mandzukic, 3' / 1-1: St Ledger, 19' / 2-1: Jelavic, 43' / 3-1: Mandzukic, 49'
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