O que achou da prestação de Portugal no Euro 2012?

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Final: Espanha 4-0 Itália

Lei de Murphy à Italiana

Dia 10 de Junho de 2012, Di Natale isola-se na cara de Casillas e dá vantagem à Itália. 1-0 aos 61 minutos. Acompanhava eu o jogo pela televisão e estaria, por certo, longe de supor que tal disparo certeiro seria o único golo encaixado pela selecção espanhola em toda a competição. Hoje, seis jogos depois e com o troféu entregue, concluo que - e permitam-se discordar - mais do que talento, um campeão faz-se de doses significativas de sorte. Não é necessário ter três penalties por jogo; basta accionar a estrela quando é necessário. Croácia, Portugal e Itália que o digam. E digo-o sem retirar ponta de mérito à conquista, faça-se a devida ressalva. Sofrer um só golo em seis jogos não é obra do acaso.  

O ora bi-campeão europeu, conforme havíamos afirmado na antevisão a esta final, manteve-se sempre fiel à sua filosofia. A partida decisiva não constituiu excepção. Del Bosque voltou à opção por Cesc Fàbregas como falso ponta-de-lança, naquela que foi a única alteração face ao jogo das meias finais; Prandelli trocou apenas Balzaretti por Abate, evidenciando a intenção de adoptar um esquema táctico mais esticado no terreno ao invés do que sucedeu na abertura da fase de grupos. E no início o que se viu foi um belo espectáculo de futebol, com a bola a ser muito bem tratada. Bem tratada por ambas as equipas, leia-se. Isto porque a Itália entrou pressionante, recusando a ideia de atribuir ao seu oponente a iniciativa de jogo. 

No entanto, e sem ter criado até então oportunidades de golo, a genialidade eclodiu ao quarto de hora nas hostes espanholas. Iniesta descobriu na sua bola de cristal a desmarcação de Fàbregas dentro da área italiana, este cruzou com peso, conta e medida para a cabeça de David Silva. A estrela dos citizens não perdoou. 1-0. Problema número dois para Prandelli: a lesão de Chiellini. Mal refeita do golo, via-se a turma italiana forçada a mexer no alinhamento inicial numa fase prematura do jogo. Ainda era cedo, porém, para lançar a toalha ao chão. Casillas e a super coesa linha defensiva espanhola é que não estavam pelos ajustes; Balotelli, que prometera um "poker", esteve perto de lançar a primeira cartada aos 26', Abate foi pelo mesmo caminho minutos mais tarde, mas não estava escrita uma sina favorável para os azzurri. Jordi Alba, já perto do intervalo, sprintou desde o seu meio campo e aquiesceu da melhor maneira a um passe de Xavi. 2-0.


A missão não seria fácil ab initio e revestiu-se de contornos ainda mais hercúleos com o dilatar da vantagem espanhola. Di Natale rendeu Cassano ao intervalo e a Itália deu sinais de resistência e de perigo junto do reduto sagrado do guarda-redes do Real Madrid. Novo problema para Prandelli: Thiago Motta, recém-entrado, lesiona-se ao cabo de quatro minutos no relvado de Kiev, sem que houvesse mais substituições disponíveis. A jogar com dez contra um adversário em vantagem, a missão quase impossível ao intervalo ia-se convertendo em certeza - para a Espanha, claro - a cada minuto que passava. Arrivederci, ouvia-se nas bancadas.

Até ao final, pode-se dizer que deu para tudo. Torres entrou, marcou e assistiu Mata nos escassos minutos em prova. Deu até para "brincar" junto da baliza italiana, perante uma equipa já destruída fisica e animicamente. 

Pedro Proença apitou para o fim do Euro 2012 e a selecção espanhola tornou-se a primeira a vencer três grandes competições consecutivamente. Pelo futebol praticado ao logo de toda a prova, fez por justificar o prémio. A "estrelinha", já radiante nas meias, voltou a dar de si na final de hoje. Já a Itália, apesar de batalhadora, esteve longe de ser feliz num jogo em que só a perfeição permitiria sonhar. 

ESPANHA: Casillas, Jordi Alba, Arbeloa, Piqué, Sérgio Ramos, Busquets, Xabi Alonso, Xavi, Iniesta (Mata), Silva (Pedro) e Fàbregas (Torres)

ITÁLIA: Buffon, Chiellini (Balzaretti), Abate, Bonucci, Barzagli, Pirlo, Marchisio, De Rossi, Montolivo (Motta), Cassano (Di Natale) e Balotelli  

Golos: 1-0: David Silva, 14' / 2-0: Jordi Alba, 41' / 3-0: Torres, 84' / 4-0: Mata, 88'


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