Euro 2012: balanço da fase de grupos
Máquina russa não carbura em óleo grego
No primeiro grupo a entrar em campo, acabou por cair a equipa da casa e a super favorita. A eliminação prematura da Rússia, em especial após a demonstração de força evidenciada contra a República Checa, foi uma das maiores surpresas desta primeira fase. Esperava-se que o meio-campo do Zenit, com uma “perninha” de Dzagoev, pudesse vir a causar incómodo aos crónicos candidatos à vitória final, um pouco à semelhança de 2008, mas tal não veio a suceder. Kerzhakov revelou-se um elemento demasiado perdulário na frente de ataque, acabando por ficar em branco na lista dos marcadores. A Polónia provou ser uma equipa de curta duração; entrou sempre melhor do que o adversário nos três jogos, mas raras vezes conseguiu ultrapassar a queda de rendimento após a meia hora de jogo. Sai do Euro sem qualquer vitória, mas de orgulho intacto e com jogadores valorizados.
Quem desses factos tirou melhor partido foi a Grécia. Entrou com o pé esquerdo no primeiro jogo, mas sobreviveu à discutível expulsão de Sokratis Papastathopoulos, à lesão de Avraam Papadopoulos, ao golo de Lewandowski e ao penalty desperdiçado por Giorgos Karagounis. Reergueu-se de uma entrada desastrosa contra os Checos – em que perderam também Chalkias - e agigantou-se no derradeiro encontro, qualificando-se pelo critério do confronto directo. Terá agora missão (quase) impossível contra a Alemanha, agravada pela suspensão de Karagounis, mas… esperemos pelo jogo.
A República Checa entrou como bombo da festa e saiu a festejar. Poucos apostariam nesta selecção após os (escassos) quatro golos sofridos contra a Rússia, justificados por um ataque amorfo e uma defesa de papel. A entrada de Limbersky e de Hubschman para onze deram o mote para a recuperação. Nós por cá, preferimos que fiquem por esta fase.
Faro de Gomez, génio de Ronaldo e manteiga holandesa
A melhor Alemanha, Portugal com alma, uma Dinamarca atrevida e uma caricatura chamda Holanda. A primeira conta por triunfos os três jogos disputados, apenas tendo sido verdadeiramente importunada pela seleccção portuguesa. A segunda venceu os jogos que lhe competia, sofrendo desnecessariamente contra a Dinamarca, mas dando mostra de força contra a Holanda; Cristiano Ronaldo demonstrou o porquê de ser um dos melhores futebolistas lusos de todos os tempos, imune à cáustica e imerecida crítica vinda do seu país de origem. A terceira deixou a Europa do futebol boquiaberta aquando da vitória frente à equipa de Bert van Marwijk, gelou por cá 10 milhões com a cabeça de Bendtner, mas Varela deitou água na fervura. Perante uma Alemanha a meio-gás, o melhor que conseguiram foi a cabeça erguida na hora da despedida. Por último, os nossos “amigos” dos Países Baixos. Zero pontos, muito por culpa da heterogeneidade qualitativa da equipa. Diz o brocardo que “o ataque é a melhor defesa”, mas só isso não chega. Willems, van der Wiel, Mathijsen, Heitinga e Vlaar foram carne para canhão neste grupo B.
E se Wolfgang Stark tivesse apitado?
A Espanha, excepção feita ao jogo com a Irlanda, não teve em mãos a mais fácil. Di Natale concretizou na cara de Casillas, avisando que a qualificação não seria conseguida sem uma boa dose de suor. A Croácia de Bilic encarregou-se de cimentar a ideia de que o tiki taka espanhol não é necessariamente infalível, não obstante ter ficado pelo caminho. Resultado: uma última jornada bastante emocionante, na qual os favoritos lograram carimbar as passagens para as meias mas não sem um sentimento de incerteza até ao último instante. A Irlanda, essa, ganhou o prémio “equipa simpática” do Euro, mas não mais do que isso. Trapattoni pode ser dos treinadores mais experientes no activo. Não dispõe, contudo, do iluminado dom que lhe permita a produção de milagres.
Ibrahimovic em todo o seu esplendor não foi suficiente
No grupo D, passaram sem grande surpresa, França e Inglaterra. Sem surpresa na tabela, mas sem certezas absolutas no plano do jogo propriamente dito. Com um pouco mais de felicidade, os colegas de Shevchenko e de Ibrahimovic poderiam ter feito uma gracinha. Quanto ao segundo dos mencionados, quase derrogava o ditado de que uma andorinha não faz a primavera; levou a Suécia “às costas” e marcou um dos melhores golos – senão mesmo o melhor – da prova até à data. Viktor Kassai, árbitro húngaro sobejamente conhecido pelos portugueses, representou a prova viva da inutilidade dos árbitros de baliza, ao não validar um golo da Ucrânia contra a Inglaterra, golo esse que poderia ter reflexos na classificação final. Veremos agora que mais surpresas nos reserva a competição de selecções mais competitiva do mundo. Começa já hoje o “mata mata”.
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