O que achou da prestação de Portugal no Euro 2012?

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Grupo C: Espanha 1-0 Croácia

Xeque-mate por linhas tortas

Durante a semana muito se falou de um eventual “arranjinho” entre croatas e espanhóis em prejuízo da selecção Italiana, ainda não refeita daquela fatídica noite entre o Bessa e o D.Afonso Henriques no Euro 2004. O duelo de hoje veio desmistificar esse cenário. O excêntrico Slaven Bilic montou a sua equipa fazendo jus ao padrão envergado nas camisolas da sua equipa, mexendo cirurgicamente nas peças como se de um jogo de xadrez se tratasse. 

Abandonando o esquema de dois avançados das duas primeira jornadas, deixou a frente de ataque entregue ao batalhador Mandzukic, apostando num bloco defensivo bastante compacto, em que Rakitic fez companhia a Vukojevic na missão de fechar a zona envolvente da grande área. Pranjic e Srna, que no papel figuravam na posição de extremo, acabaram por servir de complemento a Strinic e Vida, respectivamente, nas missões defensivas. Modric, esse, foi empossado elemento híbrido, sempre à espreita do ataque mas sem deixar de vigiar as movimentações do meio-campo da turma ibérica. 

Pois bem. A Espanha, que não alterou o onze inicial escolhido frente à Irlanda, teve mais bola e mais domínio territorial; contudo, criar verdadeiras situações de perigo estava longe de ser tarefa fácil. Silva, mais descaído sobre a direita, esbarrou na capacidade defensiva de Strinic (um dos melhores em campo). Torres, excepção feita a um rasgo individual aos 23’ no qual Pletikosa, irrepreensível durante os noventa minutos, desviou para canto, pouco se conseguiu destacar. A Croácia, ainda que remetida ao seu meio-campo, não ia dando qualquer margem de manobra aos criativos rojos. Os remates a trinta metros desferidos por Piqué e Ramos ainda antes da meia hora, foram sintomáticos daquilo que se ia passando no relvado de Gdansk. 

Aos 26’, primeira razão de queixa para os balcânicos. Lançado sobre a direita, Mandzukic, já dentro da área espanhola, foi ostensivamente derrubado por um slide desmedido de Jordi Alba; o árbitro deu… canto. Visivelmente exaltado, o único amarelado foi Vedran Corluka, por protestos. Até ao final da primeira parte, assistiu-se a uma inócua circulação de bola dos homens de Del Bosque e à paciência croata em cada tentativa de penetração do seu adversário. 

No início da segunda metade, nada de novo. A mesma expectativa de parte a parte, agravada pelo resultado do Itália vs Irlanda (1-0). No entanto, esta conjugação de resultados deitava por terra a Croácia, que gradualmente se via obrigada a adoptar soluções mais ofensivas. E aos 59’ tremeu bem mais de metade da península ibérica. Modric, absolutamente genial, tirou um cruzamento de trivela da quina da área e Rakitic, de cabeça, pôs em prova a concentração e os reflexos de Iker Casillas, para desespero dos axadrezados. Bilic, a precisar urgentemente de um golo, lançou Jelavic, Eduardo e Perisic, tirando Vukojevic, Vida e Pranjic. O jogo aí ficou mais partido, mas nem por isso a Espanha, com Navas a descair para a direita (tinha entrado para o lugar de Torres) e, mais tarde, com Fàbregas no vértice, criava verdadeiras aflições no último reduto. Isto apesar de nunca abdicar da iniciativa de jogo, leia-se. Entre os 78’ e os 79’, vimos Iniesta perto do golo, valendo o corte de Srna, e Perisic voltava a desafiar Casillas. 
Uma vez mais, aos 86’, desespero croata. Canto de Rakitic para a pequena área e Corluka puxado à margem das regras. Nova grande penalidade por marcar. Na resposta, Iniesta foge à armadilha do fora de jogo e assiste Navas para o golo espanhol. 1-0. Até ao final, nada mais de registo. 


Terminou a partida e, com ela, a participação croata no Euro 2012. Seguramente ficou a sensação de que a toda-poderosa campeã da Europa e do Mundo não é invencível; basta pôr de parte o temor reverencial e cerrar fileiras. E nunca se sabe como poderia ter sido caso o árbitro tivesse decidido certos lances em momentos cruciais de outra forma. Itália e Espanha seguem para as meias, Croácia cai de pé.

3 comentários:

Anónimo disse...

Gostei muito do carácter e alma desta Croácia, assumindo as suas fraquezas e pondo em campo uma equipa muito combativa e com a lição bem estudada, que caso não fosse alguma falta de sorte num lance ou dois e o tremendo respeito de Platini (desculpem a boca) pelos grandes (tal como aconteceu com a Alemanha) e talvez o desfecho fosse outro.

Gostaria só de acrescentar que da maneira como Portugal montou a estratégia para o jogo contra Holanda e da maneira como a executou, talvez esta Espanha não nos meta assim tanto medo.

Cumprimentos

Duarte

18 de junho de 2012 às 22:58
Unknown disse...

Duarte, só quem não conhece o trabalho de Slaven Bilic à frente da selecção croata pode ficar surpreendido com esta prestação. Em 2008 deixaram a Inglaterra fora do Euro, e têm um excelente conjunto de jogadores. Ninguém tem medo de ter a bola, sabem sair a jogar e aproveitam muito bem os poderosos avançados que têm. E acima de tudo, o seu técnico mostra grande inteligência na gestão dos momentos do jogo e na adopção de diferentes estratégias em função dos adversários. Não fosse o Sr. Stark e talvez estivéssemos boquiabertos com uma eliminação da Espanha.

18 de junho de 2012 às 23:08
HCG disse...

Este Slaven Bilic parece-me ser um treinador interessante...Só que já se foi espetar no Lokomotiv Moscovo! Mesmo assim, vou reter o nome.

O mesmo vale para o Strinic, escondido no Dnipro. Bons laterais escasseiam, era um bom reforço para os grandes portugueses.

Gostei desta Croácia!

24 de junho de 2012 às 13:22

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